sábado, 30 de julho de 2011
Inevitável
" Se não fosse a beleza ,
seria a graça ;
se não fosse a graça ,
seria a doçura ;
se não a doçura ,
quem sabe ? - a simpatia ,
ou até , talvez - quem diria !
apenas a risada .
Mas mesmo que não fosse nada ,
ainda assim ,
seria ."
Flora Figueiredo
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Velhos tempos , belos dias ...
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Verso de poema ...
domingo, 24 de julho de 2011
Poema do dia ...
sábado, 23 de julho de 2011
Um único momento ...
( ...)
" Compreendi , então , que a vida não é uma sonata
que , para realizar a sua beleza , tem de
ser tocada até o fim .
Dei-me conta , ao contrário , de que a vida é
um álbum de minissonatas .
Cada momento de beleza vivido e amado ,
por efêmero que seja , é uma experiência completa
que está destinada à eternidade .
Um único momento de beleza e amor
justifica a vida inteira ."
Rubem Alves , in " Concerto para corpo e alma "
sexta-feira, 22 de julho de 2011
BRANCA DE NEVE
" Eu te guardo no fundo da memória ,
como guardo , num livro , aquela flor ,
que marca a tua delicada história ,
Branca de Neve , meu primeiro amor .
Amei-te ...E amei-te , figurinha aluada ,
porque nunca exististe e porque sei
que o sonho é tudo - e tudo mais é nada ...
E és o primeiro sonho que sonhei .
Hoje ainda beijo , comovido e tonto ,
a velha mão que um dia me mostrou
aquela estampa do teu lindo conto ,
princesinha encantada de Perrault !
Que fui eu , afinal ? - Um pobre louco
que andou , na vida , procurando em vão
sua Branca de Neve que era um pouco
do sonho e um pouco de recordação...
Procurei-a . Meus olhos esperaram
vê-la passar com flores e galões ,
tal qual passaste quando te levaram ,
no ataúde de vidro os sete anões .
E encontrei-a a Saudade : ia alva e leve
na urna do passado que , afinal ,
é como teu caixão , Branca de Neve :
é um ataúde todo de cristal .
E parecia morta : mas vivia .
Coroado do meu beijo que a roçou ,
despertei-a do sono em que dormia ,
como o Princípe Azul te despertou .
Sinto-me agora mais criança ainda
do que naqueles tempos em que li
a tua história mentirosa e linda ;
pois quase chego a acreditar em ti .
É que o meu caso ( estranha extravagância ! )
é a tua história sem tirar nem pôr ...
E esta velhice é uma segunda infância ,
Branca de Neve , meu primeiro amor ."
Guilherme de Almeida
quinta-feira, 21 de julho de 2011
MUDO QUERER
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Sobre amizade
(...)
" Falo daquela pessoa para quem posso telefonar
não importa onde ela esteja ,nem a hora do dia
ou da madrugada , e dizer :
" Estou mal , preciso de você ."
E ele ou ela estará comigo pegando um carro ,
um avião , correndo uns quarteirões a pé , ou
simplesmente ficando ao telefone o tempo necessário
para que eu me recupere , me reencontre ,
me reaprume ,não me mate , seja lá o que for .
A boa amizade nos poupa muita inquietação ,
desconfiança e ciúme .
Não precisamos sondar nossas tripas , interrogar nosso
inconsciente , para ter um amigo e confiar nele .
Em geral um olhar bom , uma conversa sossegada ou
interessante , pequenas maneiras de alguém novo se
instalar na nossa vida .
Com sorte , para alguma alegria .
Com cuidados , para sempre .
Com alguma sabedoria , sem drama .
(...)
É para rir junto , dar o ombro pra chorar ,
criticar ( com delicadeza , por favor ),
é para apresentar namorado ou namorada ,
é poder aparecer de chinelo de dedo ou roupão ,
é poder até brigar e voltar um minuto depois ,
sem ter de dar explicação alguma.
Sem cobrança .
(...)
Pois o verdadeiro amigo é confiável e estimulante ,
engraçado e grave , às vezes intrometido e irritante ;
pode se afastar , mas sabemos que retorna ou vai estar
lá para nós ; ele nos aguenta e nos chama ,nos dá
impulso e abrigo , e nos faz ser melhores ."
Lya Luft , in " A riqueza do mundo "
Esta página é dos meus amigos ,
neste dia a eles dedicado .
Obrigada por estarem comigo .
Beijos ,
Marisa
terça-feira, 19 de julho de 2011
Duas dúzias de coisinhas à toa que deixam a gente feliz
" Passarinho na janela ,
pijama de flanela ,
brigadeiro na panela .
Gato andando no telhado ,
cheirinho de mato molhado ,
disco antigo sem chiado .
Pão quentinho de manhã ,
drops de hortelã ,
grito do Tarzan .
Tirar a sorte no osso ,
jogar pedrinha no poço ,
um cachecol no pescoço .
Papagaio que conversa ,
pisar em tapete persa ,
eu te amo e vice-versa .
Vaga-lume aceso na mão ,
dias quentes de verão ,
descer pelo corrimão .
Almoço de domingo ,
revoada de flamingo ,
herói que fuma cachimbo .
Anãozinho de jardim ,
lacinho de cetim ,
terminar o livro assim ."
Otávio Roth
segunda-feira, 18 de julho de 2011
domingo, 17 de julho de 2011
Mario Quintana
sábado, 16 de julho de 2011
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Luz versus luz
quinta-feira, 14 de julho de 2011
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Definições de Adriana Falcão
terça-feira, 12 de julho de 2011
Citação de hoje ...
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Sobre as muralhas do mar
" Sobre as muralhas do mar
Conversaremos .
Sobre as muralhas do mar , entre areias ,
espumas , colunas ,
o que passa e o que perdura .
Conversaremos .
Conversaremos de um tempo
que imaginamos .
Que não houve : azuis e verdes
caminhos , destinos , glórias.
Conversaremos .
Os muros do mar são altos .
E esquecemos .
E as perguntas ficam intactas ,
não mudadas em respostas .
Como é o som das palavras sobre as ondas ?
E um riso de asas , de brisas
de uma alegria selvagem escutaremos .
No longínquo mar das almas .
Não conversaremos ."
Cecília Meireles
domingo, 10 de julho de 2011
Poetas
“ Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém ;
São almas de violetas
Que são poetas também .
Andam perdidas na vida ,
Como as estrelas no ar ;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar !
Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas .
E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma pra sentir
A dos poetas também ! ”
Florbela Espanca
sábado, 9 de julho de 2011
O afinador de silêncios ...
" A família , a escola ,os outros , todos elegem
em nós uma centelha promissora ,
um território em que poderemos brilhar .
Uns nasceram para cantar ,outros para dançar ,
outros nasceram simplesmente para serem outros .
Eu nasci para estar calado .
Minha única vocação é o silêncio .
Foi meu pai que me explicou :
tenho inclinação para não falar ,
um talento para apurar silêncios .
Escrevo bem , silêncios , no plural .
Sim , porque não há um único silêncio .
E todo o silêncio é música em estado de gravidez .
Quando me viam parado e recatado , no meu
invisível recanto , eu não estava pasmado .
Estava desempenhado , de alma e corpo
ocupados : tecia os delicados fios com
que se fabrica a quietude .
Eu era um afinador de silêncios ."
Mia Couto , in " Antes de nascer o mundo "
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Citação do dia ...
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Mais Fernando Pessoa
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Mar Português
“ Ó mar salgado , quanto de teu sal
São lágrimas de Portugal !
Por te cruzarmos , quantas mães choraram ,
Quantos filhos em vão rezaram !
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso , ó mar !
Valeu a pena ? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena .
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor .
Deus ao mar o perigo e o abismo deu ,
Mas nele é que espelhou o céu .”
Fernando Pessoa
terça-feira, 5 de julho de 2011
Pablo Neruda
“ De uma mulher que apenas conheci
guardo o nome fechado: é uma caixa
levanto de tarde em tarde as sílabas que tem
ferrugem e rangem como pianos desconjuntados :
vão saindo logo as árvores aquelas , da chuva ,
mais os jasmins e as tranças vitoriosas
de uma mulher sem corpo já , perdida ,
afogada no tempo como num lento lago :
seus olhos se apagaram ali como carvões .”
verso do poema “ Imagem "
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Citação do dia ...
domingo, 3 de julho de 2011
Verso de poema ...
“ Podei a roseira no momento certo
e viajei muitos dias ,
aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente
pela hora das coisas .
Quando abri a janela , vi-a ,
como nunca a vira
constelada ,
os botões ,
alguns já com rosa-pálido
espiando entre as sépalas
jóias vivas em pencas . “
Adélia Prado , in
“ Meditação à beira de um poema “
sábado, 2 de julho de 2011
Que seja doce ...
“ Então que seja doce . Repito todas as manhãs ,
ao abrir as janelas para entrar o sol ou o cinza
dos dias , bem assim , que seja doce .
Quando há sol e este sol bate na minha cara
amassada do sono ou da insônia , contemplando
as partículas de poeira soltas no ar , feito um
pequeno universo ; repito sete vezes para dar
sorte : que seja doce que seja doce que seja
doce e assim por diante . Mas , se alguém
me perguntasse o que deverá ser doce , talvez
não saiba responder .
Tudo é tão vago como se fosse nada .
Ninguém perguntará coisa alguma , penso .
Depois continuo a contar para mim mesmo ,
como se fosse ao mesmo tempo o velho
que conta e a criança que escuta , sentado
no colo de mim .”
Caio Fernando Abreu , in
“ Os dragões não conhecem o paraíso .”
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Sobre importância ...
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